Finlândia congela presença na NATO
Finlândia congela presença na NATO
O novo governo da Finlândia, formado por um arco de partidos da esquerda ao centro-direita, decidiu congelar a participação do país da NATO, retirar as tropas do Afeganistão e guiar-se pelas necessidades de assistência às populações civis. A educação torna-se gratuita, não serão construídas mais centrais nucleares no país e vão ser aumentados os impostos sobre a energia de produção nuclear.
Além de optar por uma política fiscal nova e orientada para uma maior justiça social, o programa do novo governo finlandês vai adoptar medidas concretas para combater os paraísos fiscais e estabelecer uma política externa mais pacifista que a dos antecessores.
As eleições de Abril último conduziram a Finlândia a uma situação histórica. A elevada percentagem conquistada pelos nacionalistas do partido dos “Verdadeiros Finlandeses” acabou por proporcionar o fim dos “tempos do bipartidarismo” no poder. A coligação governamental, constituída depois de os “Verdadeiros Finlandeses” terem decidido colocar-se na oposição, é formada por seis partidos com uma maioria vermelha-verde (sociais democratas, esquerda e verdes). Apesar das grandes diferenças existentes entre os partidos, estes conseguiram finalmente entender-se em torno de um programa comum para o qual a Aliança de Esquerda contribuiu com importantes reformas sociais. A solução tem vindo, em geral, a ser muito bem recebida pelos sindicatos e o programa, qualificado pelos media como “um manifesto socialista”, tem sido criticado pela Confederação da Indústria Finlandesa e pelos meios financeiros. O novo programa político inclui: um aumento de 100 de euros dos subsídios em caso de desemprego, mais 25 euros na taxa de rendimento mínimo, reforço dos apoios à habitação e controlo das rendas de casa pelo Estado. Além disso, haverá deduções fiscais para os rendimentos mais baixos, que serão suportadas por subidas dos impostos sobre capitais para 30 e 32 por cento para rendimentos anuais acima dos 50 mil euros. Este imposto é actualmente de 28 por cento. O imposto sobre as grandes heranças sobe de 13 para 16 por cento.
O governo compromete-se ainda a não aumentar o IVA e a idade de reforma. A educação passa a ser gratuita e a Finlândia vai bater-se pela introdução de impostos europeus e multilaterais sobre transacções de capitais de modo a forçar o encerramento dos paraísos fiscais. O país vai congelar a participação na NATO, retirar as tropas do Afeganistão e privilegiar a assistência a populações civis.
A Aliança de Esquerda considera, por outro lado, que os seus objectivos programáticos não foram contemplados em termos de situação económica. Esta é de crise e, segundo a esquerda, os partidos de direita na coligação impuseram “más soluções” muito difíceis de aceitar: redução do financiamento do ensino superior, menos assistência ao desenvolvimento e outras medidas que não permitirão à Finlândia romper com soluções neoliberais e enfrentar claramente o FMI e os mecanismos financeiros da Comissão Europeia.
No entanto, em termos gerais, o presidente da Aliança de Esquerda, Paavo Arhinamaki, novo ministro da Cultura e Desportos, considera que o programa de governo é a “mais forte mão estendida aos pobres que aconteceu na minha vida; estou muito orgulhoso destes avanços”.
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