Portugal – paraíso dos generais sentados
O insuspeito embaixador americano (também ele) revela aquilo que todos sabemos: as FA portuguesas não servem para nada. Para garantirem a sua parasitária existência, organizam pelotões para servir o Império, no Afeganistão, nos Balcãs, no Uganda, na Somália, em missões de risco reduzido mas, com boas pagas para os intervenientes.
Submarinos novinhos que não aguentam as águas do Atlântico, caças que não voam, 2 C-130 que “ainda” voam e um enorme corpo de oficiais que nada fazem, a não ser golpear o orçamento com altos salários e reivindicações injustas e ridículas.
Quando do roubo de armas na Carregueira ficámos sabendo que a segurança é feita por uma empresa! Nem sentinelas à porta do quartel sabem colocar?
Porque não mandá-los para casa com uma playstation carregada de jogos de guerra oferecida pelo Estado? Continuavam divertidos e saiam mais baratos.
Se estamos em tempos de contenção, então que se vão os anéis (as FA) e fiquem os dedos – os trabalhadores, todos com trabalho.
Registamos o incómodo do trauliteiro Augusto SS chateado com a revelação do Expresso/Wikileaks. É dele a frase “quem se mete com o PS, leva!” Trememos de medo…
Está mais aberto o diálogo sobre a dimensão e a razão de ser das FA portuguesas. Estamos nessa!
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EUA arrasam Ministério da Defesa e militares portugueses
O Ministério da Defesa português “move-se pelo desejo de ter brinquedos caros” diz um dos telegramas da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, que faz parte do pacote de 722 documentos libertados pelo site Wikileaks e que o jornal “Expresso” vai publicar a partir de hoje. “O Ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não”.
Mas os telegramas secretos hoje revelados vão mais longe nas críticas que fazem a toda a estrutura militar portuguesa: “Os militares têm uma cultura de statu quo em que as posições-chave são preenchidas por carreiristas que evitam entrar em controvérsias, em vez de serem preenchidas com pensadores criativos, promovidos pelo seu desempenho”, diz um telegrama de 5 de Março de 2009. “Espera o tempo suficiente, dizem-nos os oficiais, e chegarás a coronel ou general. Esta cultura fomenta um pensamento adverso a correr riscos e um corpo de oficiais superiores para quem adiar uma decisão é quase sempre a melhor decisão”.
Num telex do dia seguinte, Thomas Stephenson, embaixador em Lisboa, faz considerações nada abonatórias do então ministro da Defesa, Severiano Teixeira: “Fraco, não muito respeitado pelas chefias militares, ridicularizado pela imprensa e com pouca influência dentro do Governo português”. Pelo contrário, Thomas Stephenson, tece elogios ao secretário de Estado da Defesa João Mira Gomes e descreve um encontro que tivera com ambos: “Era notório como Teixeitra hesitava com frequência enquanto falava, olhando para Mira Gomes à procura de apoio”.
Ontem, o ministro da Defesa já tinha reagido com indignação à publicação dos documentos: “A minha posição é de condenação da divulgação desses documentos”, afirmou Augusto Santos Silva, justificando-a com o facto de a confidencialidade atribuída a esses e outros documentos ser necessária “para que os países assegurem a liberdade e segurança das suas populações”.
Na edição de hoje, um dos temas do pacote de telegramas revelado é sobre os gastos da defesa. “Muita daquela matéria é extraordinariamente complexa. Há temas variadíssimos, desde os mais fúteis aos extremamente complexos. O primeiro lote que vamos utilizar é sobre o Ministério da Defesa e sobre a Fundação Luso-Americana”, explicou ontem Ricardo Costa.
Do conteúdo dos telegramas foi dado conhecimento ao Governo através do Ministério da Defesa. Todos os jornais que assinem um acordo para poder ter acesso e revelar os telegramas ficam obrigados a dar conhecimento do seu conteúdo às autoridades nacionais dos seus países.
“Todos eles são obrigados a um acordo, nomeadamente mostrar com alguma antecedência todos os documentos com materiais que possam ser considerados sensíveis às autoridades nacionais. É isso que os outros jornais têm feito e é isso que estamos a fazer também. O Governo sabe desde terça-feira que temos estes telegramas e, neste caso, o Ministério da Defesa já sabe desde ontem os telegramas que vamos publicar”, esclareceu o diretor do Expresso, Ricardo Costa.
“As democracias publicitam informação, incluindo informação secreta, mas passados vários anos, passado o prazo necessário para que os motivos que levaram à classificação de informação como secreta, confidencial ou reservada tenham deixado de existir”, disse Augusto Santos Silva.